Desde a crise econômica mundial de 2008, a burguesia tem aplicado uma política mais dura e restritiva de direitos contra a classe trabalhadora. No Brasil, as medidas de arrocho de salários e ataque aos direitos trabalhistas com o ajuste fiscal de 2015, dirigido pelo grande capital, em especial pelo banqueiro Joaquim Levy, então Ministro da Fazenda, são expressão dessa política.
Em 2017, o governo golpista de Michel Temer, adotando um falso discurso sobre o combate ao desemprego, aprovou a reforma trabalhista e a terceirização irrestrita, um dos mais violentos ataques sofridos na história da classe trabalhadora no Brasil. Essas famigeradas reformas nas leis do trabalho provocou a explosão do emprego informal e da terceirização, juntamente com a transformação de grande parte dos trabalhadores em Pessoa Jurídica (PJ), tendo seus direitos básicos retirados, a exemplo das férias remuneradas, do FGTS, do seguro-desemprego, do auxílio doença, da rescisão e da segurança do trabalho com EPIs (Equipamentos de Segurança Individual).
Dando continuidade a destruição dos direitos dos trabalhadores e das trabalhadoras, o governo do fascista Jair Bolsonaro, aprovou a reforma da previdência e realiza uma brutal ofensiva contra os direitos do povo brasileiro. O resultado é que cerca de 24,1 milhões trabalhadores, dos 109 milhões da população economicamente ativa, trabalham por conta própria submetidos às piores condições de trabalho. (IBGE, 31/07/2019)
Na massa do povo superexplorado cresce uma parcela dos trabalhadores e das trabalhadoras, na maioria jovens como nós, que trabalham na prestação de serviços de locomoção (Uber, 99, etc.), e serviços de entrega (Rappi, IFood, UberEats, etc.). O lucro desses grandes empresários é produto da exploração brutal da força de trabalho de milhões de brasileiros e povos no mundo que trabalham em cima de bicicletas e motos com cargas horárias que atingem até 14 horas diárias, em sua maioria são negros (71%) e jovens com média de idade de 24 anos, e recebem menos de um salário mínimo.
Além disso, diante da pandemia, os donos dos aplicativos se negam a oferecer o mínimo apoio para os entregadores e as entregadoras se protegerem do novo coronavírus. Não fornecem álcool em gel e materiais de proteção para quem trabalha, além de seguridade ou assistência para aqueles e aquelas que estão doentes ou em quarentena. Os aplicativos recebem ainda apoio da nova legislação trabalhista defendida pelo governo Bolsonaro e praticam o mais completo abandono dos entregadores e das entregadoras em nosso país. Sem respaldo da lei da segurança do trabalho, mulheres e homens sofrem acidentes diários no trânsito e até morrem trabalhando. Só em São Paulo, no mês de março 2020, 39 trabalhadores morreram como consequência direta da precarização das relações de trabalho, sendo substituídos pela farta mão de obra causada pelo crescente índice de desemprego em nosso país.
Essa parcela significativa da população jogada aos abusos e enorme exploração representa hoje no Brasil parte da classe trabalhadora e, portanto, deve lutar por melhores condições de trabalho e de vida. Nesse sentido, os trabalhadores e as trabalhadoras dos aplicativos não cruzam os braços, decidiram se organizar e construir a luta, a exemplo do movimento Entregadores Antifascistas, e estão mobilizando milhares em todo o país em uma histórica greve, conhecida como “Breque Geral”.
Segundo o Jornal A Verdade, “a greve está sendo realizada contra as condições abusivas imposta pelos aplicativos. Os entregadores pedem melhores taxas, fim dos bloqueios e mais equipamentos de proteção contra o coronavírus. Com a crise econômica milhares de pessoas têm encontrados nos chamados apps uma alternativa de ter alguma renda. Hoje os aplicativos já reúnem centenas de milhares de trabalhadores e tem buscado lucrar cada vez mais em cima da categoria, composta principalmente por trabalhadores negros e moradores das periferias brasileiras.”
Viva a luta dos entregadores e das entregadoras!
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